Publicado em 27 de junho de 2023 | Categoria: Informativo, Notícias
Apesar de um movimento de redução nos últimos anos, as taxas de maternidade na adolescência ainda são elevadas no Brasil, mesmo se comparado a outros países da América do Sul. Cerca de 380 mil partos foram de mães com até 19 anos de idade em 2020, o que corresponde a 14% de todos os nascimentos no País. Os números são do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos do Ministério da Saúde.
Mas, o que explica esses dados elevados? Segundo o Coletivo Farmacêuticas Por Aí, um dos fatores que contribuem para o aumento anual de jovens grávidas é a falta de informação sobre a pílula do dia seguinte. Layla Bonetto, líder do Coletivo, ressalta que é preciso quebrar tabus quando falamos sobre saúde pública. “Meninas de 14 ou 15 anos podem não saber sobre os métodos contraceptivos e os profissionais da saúde, principalmente os farmacêuticos, que são muitas vezes o primeiro contato dessas jovens, devem saber informar e, sobretudo, trabalhar para ganhar a confiança delas”, destacou Layla.
O Centro de Informação sobre Medicamentos (Cebrim/CFF) preparou um material respondendo as principais perguntas sobre o tema. Confira:
Contraceptivo de emergência, popularmente conhecido como pílula do dia seguinte, é um método que se distingue dos demais anticoncepcionais uma vez que este é utilizado após o ato sexual, sem proteção ou com baixa proteção, enquanto os demais previnem a concepção antes e durante as relações sexuais.
Destacamos que os contraceptivos de emergência agem antes da fecundação do espermatozoide no óvulo, sendo assim, sua ação não interrompe uma eventual gravidez.
Atualmente, existem vários produtos que atuam como contraceptivo de emergência, dos quais, dois estão disponíveis pelo SUS:
– Método Yuzpe – consiste em tomar duas doses da combinação contendo 500 microgramas (mcg) de levonorgestrel + 100 microgramas (mcg) de etinilestradiol, com intervalo de 12 horas entre elas. Este tratamento deve ser concluído em até 72 horas após a relação sexual desprotegida. Esta opção está disponível no SUS.
– Levonorgestrel – consiste em tomar uma dose de 1,5 miligrama (mg) de levonorgestrel (um comprimido de 1,5 mg ou dois comprimidos de 0,75 mg), em dose única; alternativamente, pode-se tomar duas doses de 0,75 mg de levonorgestrel, com intervalo de 12 horas entre elas. Este tratamento deve ser feito até cinco dias após a relação sexual desprotegida, mas a eficácia é maior quanto antes for utilizado. Esta opção está disponível no SUS.
– Dispositivo intrauterino (DIU) de cobre – o DIU de cobre pode ser usado como contraceptivo de emergência e deve ser inserido em até cinco dias após a relação desprotegida ou ovulação, fornecendo proteção por até 10 anos da sua inserção. Esse método é particularmente adequado para mulheres que desejam começar a usar um método anticoncepcional de ação prolongada, reversível e altamente eficaz.
Se inserido dentro de 120 horas após a relação sexual desprotegida, o DIU de cobre tem eficácia superior a 99% na prevenção da gravidez. É o método mais eficaz de contracepção de emergência disponível. Uma vez inserido, a mulher pode continuar a usá-lo como um método regular de contracepção ou decidir mudar para outro método.
Os contraceptivos de emergência podem prevenir mais de 95% das gravidezes quando utilizados dentro dos cinco dias após relação sexual desprotegida.
Os contraceptivos de emergência atuam evitando ou atrasando a ovulação, impedindo a fecundação. A geração de um embrião só ocorre aproximadamente 120 horas após a relação sexual e os contraceptivos de emergência são mais efetivos quando tomados em até 72 horas após o coito, com maior efetividade nas primeiras 12 horas.
Os DIU de cobre impedem a fertilização causando uma alteração química no espermatozoide e no óvulo antes que eles possam se unir. A contracepção de emergência não pode interromper uma gravidez já estabelecida nem prejudicar o embrião em desenvolvimento.
Os métodos anticoncepcionais de uso contínuo (oral e injetável) são seguros e eficazes desde que bem utilizados, seguindo as recomendações do fabricante. Em caso de falha no uso, como o esquecimento de uma ou mais doses, recomenda-se o emprego de método alternativo, como o condom ou o contraceptivo de emergência, para evitar uma gravidez indesejada.
Vale ressaltar que os contraceptivos de emergência devem ser empregados de modo ocasional, pois os métodos contraceptivos de uso contínuo são mais efetivos.
Os efeitos adversos do uso de contraceptivos de emergência são semelhantes aos das pílulas anticoncepcionais de uso contínuo, ou seja, náuseas e vômitos, sangramento vaginal irregular e fadiga.
Quando os diferentes métodos são usados isoladamente, os efeitos adversos são pouco frequentes, brandos e, em geral, desaparecem sem a necessidade de qualquer outra medicação. Quando associados, pode ocorrer um aumento dos efeitos adversos já mencionados, além de dores de cabeça, dor nas mamas e vertigem.
O levonorgestrel é considerado o mais efetivo entre os contraceptivos de emergência, porém, ressalta-se que quando é utilizado com frequência, ou sem a devida orientação, pode provocar problemas à saúde da mulher em razão da elevada dose hormonal. O uso frequente da contracepção de emergência pode resultar em uma intensificação dos efeitos adversos, como irregularidades menstruais.
O ciclo menstrual pode ser alterado pelo uso da contracepção de emergência, por isso, até que haja regularização do ciclo com a continuidade do contraceptivo regular, recomenda-se o uso associado de condom. Recomenda-se aguardar a próxima menstruação para iniciar o anticoncepcional hormonal de uso contínuo, oral ou injetável, ou ainda DIU, segundo a preferência da mulher.
Ao fornecer informações sobre o uso de pílulas anticoncepcionais de emergência deve-se aumentar a conscientização sobre os métodos anticoncepcionais regulares disponíveis e oferecer orientação sobre como usar os diferentes métodos corretamente em caso de falha percebida do método.
A maioria das usuárias do contraceptivo de emergência experimenta pouca ou nenhuma alteração significativa no ciclo menstrual e é importante que se esclareça que ela não provoca sangramento imediato após o seu uso.
A Organização Mundial da Saúde afirma que 57% das mulheres que usam o contraceptivo de emergência terão a menstruação seguinte ocorrendo dentro do período esperado, sem atrasos ou antecipações. Em 15% dos casos, a menstruação poderá atrasar até sete dias e, em outros 13%, pouco mais de sete dias. A antecipação da menstruação, menor que sete dias, ocorre em apenas 15% dos casos.
Essas alterações são autolimitadas, têm remissão espontânea e, geralmente, são bem toleradas pela mulher. No entanto, o uso repetitivo ou frequente do contraceptivo de emergência pode acentuar esses transtornos menstruais e dificultar o reconhecimento das fases do ciclo e do período de fertilidade.
Os métodos anticoncepcionais de uso contínuo são seguros e efetivos desde que bem utilizados, seguindo as recomendações do fabricante. Em caso de falha no uso, recomenda-se o emprego de condom para prevenir uma gravidez indesejada, ou, se já tiver ocorrido a relação sexual desprotegida, recomenda-se o uso de um contraceptivo de emergência.
Vale ressaltar que os contraceptivos de emergência devem ser empregados de modo ocasional, pois existem outros métodos contraceptivos mais eficazes para uso contínuo.
Se o uso de anticoncepcional injetável ocorre de forma adequada não existe necessidade do contraceptivo de emergência. Eventos adversos podem ocorrer em razão da sobredose hormonal.
Não, pois o DIU é suficiente como método contraceptivo.
Eventos adversos podem ocorrer em razão da sobredose hormonal. Os critérios de elegibilidade para o uso geral do DIU de cobre também se aplicam aos DIUs de cobre usados em emergências. Mulheres com certas condições clínicas, como por exemplo, infecção devido à doença inflamatória pélvica, sepse puerperal, sangramento vaginal inexplicável, câncer cervical ou trombocitopenia grave, não devem usar o DIU de cobre como contraceptivo de emergência.
Eventos adversos podem ocorrer.
Entre as principais indicações está a relação sexual sem uso de método anticoncepcional contínuo, falha conhecida ou presumida do método em uso de rotina, uso inadequado de anticoncepção e abuso sexual.
É importante salientar que os métodos contraceptivos hormonais, de uso contínuo ou de emergência, não protegem os parceiros sexuais de infecções sexualmente transmissíveis, motivo pelo qual o uso de condom merece destaque como método contraceptivo.
O uso repetido da pílula do dia seguinte indica a necessidade de aconselhamento sobre as opções de métodos contraceptivos disponíveis, os quais são mais efetivos, até porque, a segurança do uso recorrente da pílula do dia seguinte não foi estabelecida. Embora o risco do uso repetido pareça ser baixo, mesmo quando tomado no mesmo ciclo menstrual, deve ser considerada a possibilidade de aumento de efeitos adversos.
Foto: Unsplash
Fonte: CFF
Tags: cff, drogaria, farmácia, gravidez, informação, pílula do dia seguinte, saúde
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