Publicado em 08 de julho de 2024 | Categoria: Informativo, Notícias
Doenças de progressão lenta e que por isso foram por muito tempo negligenciadas, as hepatites virais do tipo B e C afetam 325 milhões de pessoas no mundo, chegando a causar 1,4 milhão de mortes por ano.
Para alertar sobre prevenção e tratamentos dessas doenças, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou, em 2010, o Dia Mundial das Hepatites Virais, celebrado em 28 de julho. No Brasil, o Julho Amarelo se dedica a ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais. Especialistas defendem a vacinação como proteção contra os vírus.
A cidade de Curitiba (PR), por exemplo, vem passando por um surto de hepatite A, com mais de 360 casos registrados e cinco mortes, em 2024, contra cinco casos no ano passado. Essa infecção ocorre, na maioria dos casos, de pessoa a pessoa ou por meio de alimentos contaminados, porém a via sexual já está comprovada e tem sido o principal meio de contágio na capital do Paraná, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.
De acordo com a infectologista Ana Rosa dos Santos, do Sabin Diagnóstico e Saúde, as hepatites são provocadas pela inflamação das células do fígado devido ao contágio por via oral, sexual, alimentos contaminados ou pelo compartilhamento de agulhas e seringas, além de transfusões de sangue.
A ingestão de álcool pode acelerar o desenvolvimento da doença e causar progressão até quatro vezes mais rápido que o normal, dependendo da quantidade ingerida. Outras atividades de risco são o uso de drogas injetáveis ou inaladas, já que as agulhas e canudos podem transmitir sangue de uma pessoa para outra, além da relação sexual sem proteção.
As hepatites virais podem ser causadas por diferentes vírus, causando sintomas variados. Enquanto em crianças costuma ser assintomática, a hepatite A em adultos apresenta sintomas semelhantes aos de uma gripe, que se manifestam cerca de um mês após a infecção, e não costuma causar maiores complicações.
Porém, segundo as autoridades curitibanas, o atual surto está levando muitos pacientes à internação hospitalar.
Já a hepatite do tipo E é o menos comum e, assintomática, não costuma evoluir para quadros crônicos, exceto em pacientes imunodeprimidos, como transplantados e HIV+. O tratamento é feito com medicação antiviral.
Os tipos B, C e D, causam uma doença silenciosa, que se desenvolve ao longo dos anos, e que só apresenta sintomas quando o fígado já está comprometido. O diagnóstico precoce viabiliza tratamentos que prolongam a vida do paciente e podem até eliminar o vírus, a depender do tipo. No caso da hepatite C, mais de 90% dos casos em que o tratamento da infecção é iniciado precocemente e seguido corretamente têm cura.
Segundo a OMS, sem tratamento, as hepatites B e C podem levar a cirrose, insuficiência hepática e câncer hepático, sendo responsáveis por 96% de todos os óbitos por hepatites virais. Além disso, o vírus da hepatite D só é capaz de infectar pessoas já vivendo com hepatite B crônica, de modo que as ações para a eliminação da hepatite B também acarretam a eliminação da hepatite D.
No período de 2000 a 2022, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde teve registrados 750.651 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 22,5% foram de hepatite A; 36,9% de hepatite B; 39,8% aos de hepatite C; 0,6% aos de hepatite D; e 0,2% ao tipo E. Entre 2000 e 2021, o país teve 85 mil óbitos por hepatites virais.
A médica infectologista explica que, ao contrário da hepatite viral aguda (dos tipos A e E), a hepatite crônica pode durar anos, por isso, “buscar orientação e cuidados ajudam a diagnosticar, tratar e prevenir a hepatite viral crônica”.
Ana Rosa observa que é imprescindível disseminar a importância da vacinação para obter proteção contra os vírus. Alerta ainda, “qualquer pessoa que não tenha sido vacinada ou previamente infectada pode ser infectada com o vírus da hepatite A e recomenda aos viajantes se vacinarem ao se deslocarem para áreas de alta endemicidade.”
No Brasil, o sistema público e os serviços privados de saúde oferecem vacinas contra as hepatites A e B. “A vacinação é a estratégia de saúde mais eficaz, ajuda a reduzir novas infecções e o número de mortes por cirrose hepática e câncer”.
A primeira dose da vacina para o tipo B deve ser aplicada ao nascer e, para o tipo A, recomenda-se a imunização aos 12 meses de vida.
Além disso, a prevenção da hepatite B inclui a prática de sexo seguro e o não compartilhamento de instrumentos cortantes ou objetos de higiene pessoal; para a hepatite A, “além de melhoria no sistema de saneamento básico e na higienização de alimentos, são necessários cuidados com manuseio fecal-oral, por meio do contato sexual inter-humano, especialmente, em homens que fazem sexo com homens”, orienta a infectologista.
Foto: Reprodução
Fonte: Guia da Farmácia
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