Na suspeita de dengue, agilidade no tratamento é vital

Publicado em 15 de março de 2024 | Categoria: Notícias

São números recordes: o Brasil já passou de 1,6 milhão de casos prováveis de dengue em 2024, com 450 mortes confirmadas e outras 850 sob investigação.

O mais lamentável é que boa parte dos casos poderiam deixar de ocorrer com o cuidado básico de eliminar pontos de proliferação do mosquito Aedes aegypti e quase todas as mortes seriam evitáveis com agilidade e qualidade na assistência prestada.

A dengue costuma envolver febre alta, acima de 39ºC, e pelo menos mais duas entre essas manifestações: dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares, dores articulares e prostração. Esse quadro indica a necessidade de procurar imediatamente um serviço de saúde. Não se deve recorrer à automedicação, pois analgésicos e antitérmicos como aspirina e ácido acetilsalicílico (AAS) podem alterar a coagulação e agravar o quadro.

“Todo paciente com suspeita de dengue deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar”, diz Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ele acrescenta que a equipe deve pedir retorno do paciente a cada 24 ou 48 horas para avaliar eventuais sinais de alarme de que a hidratação oral se tornou insuficiente, sendo necessária a hidratação endovenosa.

Um aspecto especialmente cruel da dengue é que as complicações costumam ocorrer quando a situação parece estar sob controle. É após o declínio da febre, entre o terceiro e o sétimo dia da doença, que uma eventual piora costuma se manifestar, como resultado do extravasamento de plasma dos vasos sanguíneos ou de hemorragias. Alguns dos sintomas da piora são dores abdominais intensas e contínuas, vômitos persistentes, letargia, inchaço do fígado e sangramentos.

Do total de casos registrados este ano, o Ministério da Saúde classificou 13.112 como graves, o que corresponde a 0,8% do total registrado – ou um caso a cada 125. A dengue pode atingir qualquer pessoa, mas os riscos de complicações são maiores na faixa até 16 anos e acima dos 65 anos, em portadores de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, e em grávidas e lactentes. Outro fator de risco envolve quem já teve dengue – a reinfecção traz um potencial maior de gravidade, já que a resposta imunológica dada a um dos subtipos do vírus influencia como o organismo enfrentará outro subtipo.

Para quem já teve dengue, os especialistas recomendam buscar na rede privada a vacina, liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a faixa entre 4 e 60 anos. As dificuldades são a alta procura e o preço, próximo a R$ 1 mil para as duas doses.

Foto: Reprodução

Fonte: Estadão

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