Publicado em 08 de fevereiro de 2024 | Categoria: Informativo, Notícias
Criadora da Campanha 10 Minutos contra o Aedes, a bióloga Denise Valle, pesquisadora do Laboratório de Medicina Experimental e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), alerta ser preciso intensificar os cuidados contra a proliferação do mosquito, que causa a sexta epidemia de dengue no Rio: “Se fosse fácil, a gente já tinha resolvido”, diz.
Só a fêmea toma o sangue. Ela não precisa de sangue para viver, mas só para colocar os ovos. Então ela tomará de sangue uma quantidade equivalente a duas ou três vezes o peso dela, transformando tudo em ovos. Mas ela se infecta quando pica uma pessoa que está com o vírus circulando.
A dengue precisa passar por diversas barreiras dentro do mosquito. Do sistema digestivo até ao lúmen da glândula salivar e depois “cuspir” no seu sangue. Isso pode durar de sete a dez dias e uma vez infectado, ele terá a dengue para sempre. Só que a maioria dos mosquitos morre antes disso. Mesmo em épocas de epidemias, só 1 a 2% dos mosquitos voando vão transmitir o vírus. Por isso é importante diminuir a infestação do Aedes.
Quando você percebe que você está doente, você precisa passar o repelente para proteger o mosquito. Assim protegendo a transmissão. Mas no verão, de maneira geral, é preciso que todos se protejam, porque cerca de 50% das pessoas que têm dengue, não tem sintomas. Mas ela pode transmitir ao mosquito enquanto tiver com o vírus circulando no corpo.
Ela garante o que a gente chama de o aspecto explosivo das epidemias de dengue. Assim: alguns ovos resistiram o período de seca, e alguns deles estão com o vírus. Quando começa o período de chuva, alguns poucos mosquitos já vai nascer transmitindo desde a primeira picada. Então começa a transmissão e isso se multiplica exponencialmente.
De cada vez, são cerca de 100 ovos — a cada quatro dias. E ela só vai voar por duas razões: para produzir os ovos e colocar os ovos. Diferente dos outros mosquitos, a fêmea de Aedes não coloca todos os ovos no mesmo cesto. Então ao procurar criadouros de larvas, se você achar o primeiro, não pare por aí.
Ele é um mosquito que atua principalmente no começo da manhã e final da tarde. Mas não é estritamente diurno. Ele é doméstico e oportunista. Então se você chegar em casa só à noite ele vai te picar. O Aedes gosta de sombra e água fresca e a gente cria as condições para que ele viva perto da gente. Ele costuma repousar em lugares mais escuros, entre as cortinas, embaixo da estante, entre os livros da estante ou embaixo da mesa. A gente começou isso como uma campanha, mas chamamos agora de conceito porque é para durar o ano inteiro. Você não precisa ir lá olhar todos os seus recipientes diariamente. Se você fizer isso uma vez por semana, você impede a formação de novos adultos. É muito mais fácil você controlar uma larva confinada num prato de planta do que o mosquito voando. Olhe e pense como um mosquito em busca de um lugar para botar os ovos.
O fumacê é indicado pelo Ministério da Saúde para bloqueio de surto e para eliminar os adultos. De maneira nenhuma ele é preventivo para o Aedes. O inseticida só mata os mosquitos adultos e vai ficar ativo enquanto ele está no ar. O inseto precisa atravessar a fumaça, porque o fumacê entra por debaixo da asa. Então se ele tiver pousado não faz a menor diferença, nem contra as larvas. É preciso passar com o equipamento ao amanhecer ou entardecer para a fumaça ficar mais tempo no ar, pela inversão térmica.
É muito importante cobrar que dos governos ações contra os criadores que estão em áreas públicas, como cemitérios, chafariz e mobiliário urbano. Mas também uma menor desigualdade. Se a pessoa precisa armazenar água num recipiente, é porque não tem abastecimento regular. Outro ponto é a coleta regular de lixo.
Se você mora em prédio, por exemplo, o mosquito sobe de elevador, sem problema. Cansei de ver, depois de chuvas, a água acumulada no fosso do elevador com diversas lavas. Outro ponto é a adição de cloro em piscinas. A cada 8 horas, por exemplo, o teor de concentração de cloro cai pela metade e as pessoas jogam ficam com uma super sensação de segurança. É preciso monitorar de perto a concentração.
A água potável não vai sustentar o desenvolvimento de Aedes, porque não tem comida para a larva. A gente até diz que o Aedes é o mosquito que nasce naquela água das mãos sujas. Aquela que você limpou a mão e deixou a água ali? Ele precisa de alguma matéria orgânica. Aquele verde numa caixa d’água e piscina também.
Eu levaria um repelente. E é importante ler na bula de cada um o tempo que é preciso repassar. Na Covid-19 você tem a transmissão de pessoa a pessoa. No caso da dengue, não. A transmissão é pelo mosquito, então é preciso estimular as pessoas a não deixarem lixo pela rua para não acumular a água parada.
Foto: Reprodução
Fonte: O Globo
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