Publicado em 20 de dezembro de 2023 | Categoria: Notícias
O CEO da farmacêutica Moderna, Stéphane Bancel, disse que a vacina experimental contra o melanoma produzida por sua empresa poderá estar disponível em apenas dois anos, o que seria um passo histórico contra a forma grave mais comum de câncer da pele. Estima-se que, em 2020, ocorreram 325 mil novos casos e 57 mil mortes pela doença em todo o mundo. No Brasil, o câncer de pele é o tipo de tumor mais frequente, correspondendo a 30% dos diagnósticos da doença, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
“Acreditamos que, em alguns países, o produto poderá ser lançado com aprovação acelerada por volta de 2025″, disse ele em entrevista à AFP na quinta-feira, 14.
Ao contrário das vacinas convencionais, as chamadas vacinas terapêuticas tratam uma doença em vez de a prevenir. Mas também atuam treinando o sistema imunológico contra o agente invasor. As vacinas terapêuticas representam, hoje, uma verdadeira esperança na oncologia, uma “imunoterapia 2.0″, segundo Bancel.
O produto da Moderna recebeu um impulso na quinta-feira, com os últimos resultados dos ensaios clínicos. Eles mostram uma melhoria nas chances de sobrevivência graças à vacina. A tecnologia utilizada é o RNA mensageiro (mRNA), que se mostrou muito eficaz contra formas graves da covid-19.
Em um estudo envolvendo 157 pessoas com melanoma avançado, a vacina da Moderna, em combinação com o medicamento imunoterápico Keytruda, da Merck, reduziu o risco de recorrência ou morte em 49% durante um período de três anos, em comparação com a administração isolada de Keytruda. Em 2022, a empresa já havia anunciado resultados de acompanhamento de dois anos que mostraram uma redução de risco de 44%.
“A diferença na sobrevivência está aumentando. Quanto mais o tempo passa, mais você vê essa vantagem”, disse Bancel, observando que a taxa de efeitos colaterais não aumentou. “Temos uma em cada duas pessoas, em comparação com o melhor produto do mercado, sobrevivendo”, disse ele. “O que, em oncologia, é enorme.”
Os ensaios clínicos existentes poderiam, assim, constituir a base para a aprovação condicional da vacina, conhecida atualmente como mRNA-4157, disse Bancel.
Nesse cenário, um estudo maior, de “fase 3″, envolvendo mil pessoas e que a Moderna irá realizar em 2024, poderá confirmar a autorização condicional anterior. Tanto a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos como a Agência Europeia de Medicamentos colocaram a terapia em um caminho de revisão acelerada.
O desenvolvimento da vacina começa com o sequenciamento do genoma do tumor de cada paciente e a identificação de mutações específicas a serem codificadas. “É, portanto, um exemplo de medicina individualizada adaptada apenas à pessoa tratada”, afirmou Bancel.
Para se preparar para levar a vacina ao mercado, a Moderna está construindo uma nova fábrica em Massachusetts, nos Estados Unidos, para ter um abastecimento abundante, uma exigência da FDA.
A empresa também anunciou na segunda-feira, 11, o início de um ensaio de “fase 3″ para uma vacina de mRNA contra o câncer de pulmão e está estudando outros tipos de tumores.
A esperança de Bancel é combinar essas vacinas contra o câncer com “biópsias líquidas”, testes inovadores que detectam sinais de tumores por meio de análises de sangue, e que começaram a ser disponibilizados nos Estados Unidos. “Quanto mais rápido o câncer for detectado, melhor funcionarão os novos medicamentos da Moderna, acredita Bancel.
Outras empresas, como a BioNTech, também estão a trabalhar em vacinas terapêuticas individualizadas contra o câncer. /AFP
É o câncer mais frequente no mundo e no Brasil. Ele ocorre quando as células da pele se multiplicam sem controle, segundo o Inca.
O câncer de pele não melanoma ocorre principalmente nas áreas do corpo mais expostas ao sol, como rosto, pescoço e orelhas. Apresenta-se com manchas na pele que coçam, ardem, descamam ou sangram e feridas que não cicatrizam em quatro semanas.
O melanoma pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais.
Foto: Reprodução
Fonte: Estadão
Tags: brasil, câncer de pele, Moderna, vacina
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